DOIS HUSSARDOS
Novela lançada em 1856, logo após “Contos de Sebastópol” (1855), ganha nova edição pela editora 34, com tradução de Lucas Simone.
A {voz da literatura} conversou com o tradutor a respeito desse lançamento. "Bom, eu tinha feito meu primeiro Tolstói no ano passado, com A morte de Ivan Ilitch pra editora Antofágica. Aí logo depois veio o convite da 34 pra fazer os Dois hussardos.", destaca.
Lucas Simone revela ainda sua emoção em traduzir o autor de Guerra e Paz. "Tolstói era o autor favorito da minha mãe. E foi importante para que eu decidisse estudar russo. Por isso, foi emocionante traduzi-lo pela primeira vez. E uma enorme responsabilidade, considerado o peso de Tolstói na literatura.", comenta o tradutor que tem no currículo traduções de Górki, Dostoiévski, Svetlana Aleksiévitch.
NOVELAS COMPLETAS
Um dos maiores tradutores de Tolstói no Brasil, Rubens Figueiredo, traduziu as grandes obras do escritor russo em edições marcantes pela extinta Cosac&Naify, como a de "Guerra e Paz”. Parte do espólio tolstoiano da Cosac passou a fazer parte do catálogo da Companhia das Letras. Para a editora Todavia, Figueiredo traduziu, mais recentemente, as “Novelas completas” de Tolstói.
"GUERRA E PAZ" e "ANNA KARIÊNINA" EM NOVA TRADUÇÃO
Por encomenda da editora 34, o jornalista e tradutor Irineu Franco Perpétuo preparou novas traduções para dois dos maiores romances de Tolstói. “Anna Kariênina” será lançado entre novembro e dezembro deste ano. “Guerra e paz”, por sua vez, em 2021. Um despretensioso contato da {voz da literatura} com Irineu Franco Perpétuo resultou em um bom bate-papo, que reproduzimos a seguir.
{vdl} Irineu, é verdade que sua tradução de "Guerra e Paz" consumiu mais de três anos?
Não. Esse seria o prazo somado de "Guerra e Paz" e Anna Kariênina. Eu previ dois anos, mas deu menos. Acho que foi um ano e meio. Eu entreguei Anna Kariênina no fim de 2017, comecei "Guerra e Paz", e terminei no primeiro semestre de 2019.
{vld} As traduções diretas do russo para o português dessas obras, já existentes no mercado editorial brasileiro, servem de referência para essas novas traduções?
Não. Não as tomei como base. Baseei-me no original russo. E olhei eventualmente traduções para outras línguas. Antes disso, eu já tinha lido umas três traduções para o português de Anna Kariênina, e uma de Guerra e Paz, mas foi há tempos, e não fiquei consultando na hora de realizar a minha.
{vdl} O que você assinalaria como diferenciais de sua tradução dessas obras? Diferenciais ou características que marcam a sua forma de traduzi-las...
Pois é, falar em diferencial é comparar com as outras traduções, coisa que não fiz. Eu traduzi do meu jeito, simplesmente. Não para fazer "diferente". Simplesmente para fazer como acho que tem que ser feito.
{vdl} Você costuma traçar um paralelo entre música e tradução. Essa relação se aplica também na tradução dessas obras de Tolstói?
Eu acho que sempre vale. Como já disse, Anna Kariênina é uma só, como a Nona Sinfonia de Beethoven é uma só. Porém, o número possível de interpretações dessas obras tende ao infinito. Não há gravação "definitiva" da Nona de Beethoven, como não há tradução "definitiva" do romance de Tolstói. Aliás, justamente a capacidade de estimularem novas interpretações é que garante a perenidade desses clássicos. Como o musicista, o tradutor decodifica uma obra e interpreta-a para o leitor/ouvinte. Em ambas as práticas, há um pacto de fidelidade. O ouvinte acredita que está escutando Beethoven, e não invencionices do intérprete, assim como o leitor acredita que está lendo Tolstói, e não caraminholas da minha cabeça. Não estou aqui para escrever o "meu" Tolstói. Estou aqui para ser fiel a Tolstói, e entregar um texto que deve funcionar como se tivesse sido escrito em português, para um leitor que não fala uma palavra de russo.
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