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"Nas profundezas", de J.-K.Huysmans


Tradução: Mauro Pinheiro | Carambaia | 2018



É pouco resumir o romance Nas profundezas (1891), do francês J.-K. Huysmans (1848-1907), a uma espécie de “Bíblia” do satanismo ou do diabolismo. Não. Ao tentar se distanciar do naturalismo de Zola, Huysmans experimenta um romance de coragem inigualável. O tema é, sim, insólito em boa medida. Porém, Huysmans não escolhe a via mais simplista do “satanismo pelo satanismo”. O protagonista Durtal, escritor, vivencia rara experiência, que somente é possível pelas mãos de um escritor como Huysmans. Durtal refaz os passos da personalidade do marechal Gilles de Rais, famoso satanista da Idade Media. Em outra margem do enredo, Huysmans alinha a relação de Durtal com Des Hermies, em busca da experiência do satanismo na Paris de fins do século 19. Nas profundezas não se reduz à polêmica em torno do diabolismo e da tão afamada missa negra. O romance discute a religiosidade e a espiritualidade, em sua dimensão utópica e distópica, incomodando especialmente a Igreja e seus membros. É interessante o confronto entre o materialismo e o espiritualismo nesse romance que, embora tente se distanciar do naturalismo, avança por um naturalismo “metafísico”.






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