Revista Voz da Literatura celebra a poesia de Emily Dickinson em edição especial
A poeta estadunidense Emily Dickinson (1830-1886) publicou, em vida, cerca de 10 poemas em periódicos. Sua produção poética circulou em grande parte por meio de cartas trocadas com amigos e familiares.
Ao longo dos anos, Dickinson realizou um trabalho semelhante à “autoedição”, organizando seus poemas em fascículos, por meio da costura das folhas de seus manuscritos.
Essas particularidades de sua literatura motivaram, em boa parte, a edição especial da revista Voz da Literatura “Cartas para Emily Dickinson”.
Outra motivação da Voz da Literatura foi o recente lançamento do primeiro volume da “Poesia completa de Emily Dickinson” (Ed. UnB e Ed. Unicamp, 2020), em tradução de Adalberto Müller, escritor e professor de literatura na Universidade Federal Fluminense. Em edição bilíngue, a obra oferece ao público brasileiro todos os poemas de Dickinson, ou seja, mais de 1800 poemas.
Até então, no Brasil, o leitor contava apenas com coletâneas e seleções de poemas de Dickinson, em traduções realizadas por tradutores diversos, entre eles: Manuel Bandeira, Augusto de Campos, Ana Cristina César.
Na ilustração do número especial da Voz da Literatura, o projeto gráfico vale-se de parte do famoso herbário de Emily Dickinson, espécie de livro de poesia à parte, escrito como flores e plantas.
Todos os colaboradores dessa edição da revista aceitaram a proposta de escrever “cartas” para Emily Dickinson. São textos que atendem ao gênero epistolar ou se caracterizam pelo mesmo intimismo, lançando o leitor no universo poético da poeta estadunidense.
Esse esforço coletivo somente foi possível graças à colaboração e ao apoio de todos os autores. De forma voluntária e com muito entusiasmo, acolheram o convite para participar desse projeto da Voz da Literatura, que estará disponível de forma livre e gratuita a todos os leitores no site da revista. Contamos com as seguintes participações:
Adalberto Müller, tradutor de Poesia completa de Emily Dickinson (Ed. UnB; Ed. Unicamp, 2020);
Dinarte Albuquerque Filho, poeta e jornalista;
Júlia Côrtes Rodrigues, doutoranda em literatura (Unicamp), que prepara o livro Cartas a Susan, com correspondências comentadas de Dickinson;
Natália Wiechmann, professora do IFSP e autora do livro A questão da autoria feminina em Emily Dickinson (2015);
Tatianne Dantas, doutoranda em literatura (UFS) e psicanalista;
Stephen Eric Berry, escritor, compositor e cineasta americano, que produziu o filme Clogged only with music, like the wheels of birds (2017) , exibido no encontro anual da Emily Dickinson International Society em 2018.
Que tal, leitor(a), abrir a “revista-envelope” e ler essas “cartas”? A própria Emily Dickinson, em alguns versos, nos ensina como fazer essa leitura:
Meu Jeito de ler uma Carta - é -
Primeiro - a Porta - à Fechadura
Tranco e empurro com meus dedos -
Por Êxtase de estar segura -
Depois saio de perto
Para neutralizar o toque -
Então tomo nas mãos a Carta
E lenta abro o envelope -
[...]
***
The Way I read a Letter's - this -
'Tis first - I lock the Door -
And push it with my fingers -next -
For transport it be sure -
And the I go the furthest off
To counteract a knock -
The draw my little Letter forth -
And slowly pick the lock -
[...]
{Tradução de Adalberto Müller. In: Poesia completa de Emily Dickinson. Ed. UnB; Ed. Unicamp, 2020. p. 643}
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