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A razão africana

Chimanda Ngozi Adiche, Paulina Chiziane, Nadine Gordimer, Mia Couto, Pepetela, J. M. Coetzee, Wole Soyinka, Ondjaki... São muitos escritores africanos que já fazem parte do cenário literário brasileiro. Há, inclusive, a editora Kapulana (SP), especializada na publicação de literatura africana. A literatura, desse modo, é meio por onde muitos leitores brasileiro observam a circulação da história e da cultura africanas.


A razão africana: breve história do pensamento africano contemporâneo, de Muryatan S. Barbosa, lançado pela editora Todavia em agosto, em suas 180 páginas oferece um panorama de diferentes áreas do pensamento africano.

A linha cronológica seguida por Muryatan, que é professor na área de relações internacionais na UFABC, atravessa mais de um século da história do grande continente africano, o que contempla diferentes fases, desde a colonização do final do século 19, com a Conferência de Berlim, passando pelo fortalecimento do nacionalismo africanos, resultante da luta pela descolonização e libertação, até chegar aos dias atuais.

Todos esses momentos históricos são pontilhados de representativos pensadores africanos. Hayford, Aggrey, Du Bois, Nkrumah, Cheikh Anta Diop, Amílcar Cabral, Senghor, Ibekwe, Achille Mbembe, são alguns desses nomes. Muryatan inclui outros representativos pensadores ascendência africana e forte influência no pensamento africanos e nas mobilizações pela descolonização, como o filósofo Frantz Fanon.

Temas como raça, racismo, colonialismo, pan-africanismo, cultura como fator de libertação nacional, pós-colonialismo, desenvolvimento, modernização, participam da exposição de Muryatan. Encontra-se também, principalmente na última parte da obra, boa seleta de pensadores africanos de diferentes áreas do conhecimento, como economia política, história, ciência política, antropologia, sociologia, filosofia... Enfim, A razão africana mostra-se como bibliografia fundamental para se compreender as mais diversas linhas de pensamento da África.

Ao final, Muryatan S. Barbosa ressalta o protagonismo africano na produção intelectual, cujo significado está embrenhado em uma história continental em busca de autonomia e soberania, sendo estas construídas também nas fronteiras da produção e disseminação do conhecimento:

“Faz sentido concluir, portanto, que, enquanto a intelectualidade africana conseguir manter certa autonomia no pensar e no plano institucional, criando agendas próprias, a temática da soberania africana continuará sendo tratada como algo relevante. Daí a importância da Codestria [Conselho para Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais] na África. Não é pouco para uma intelectualidade situada numa área periférica do mundo capitalista. Pelo contrário, é uma vitória inconteste. Sendo assim: viva o pensamento intelectual africano contemporâneo!” (p. 177)

BARBOSA, Muryatan S. A razão africana: breve história do pensamento africano contemporâneo. 1. ed. São Paulo: Todavia, 2020. 216 p.


 

RAFAEL VOIGT, editor da {voz da literatura}.

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