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Humor russo

Antologia do humor russo reúne quase dois séculos de textos humorísticos russos.


por Rafael Voigt



Sátira, grotesco, ironia, paródia, nonsense, são algumas das máscaras do humor.

A Antologia do humor russo (1832-2014) passeia por essas e outras máscaras. Organizada por Arlete Cavalieri (USP) e publicada pela Editora 34, reúne mais de trinta escritores.



É possível, como está organizada a antologia, promover uma leitura cronológica que permita visão diacrônica de várias fases do humor literário russo. Bastante sugestiva, contudo, é a possibilidade de uma leitura a partir de autores russos mais contemporâneas ainda pouco conhecidos aqui no Brasil, como o caso de Mikhail Véller, com a narrativa datada de 2014 ("A pomba da paz”), a mais contemporânea registrada nesse volume. Além disso, a antologia permite sentir o humor de vozes feminjnas, como as de Nadiéjda Téffi, Marina Tsvetáieva, Natália Dobrokhotova-Maikova, Liudmila Ulítskaia, Tatiana Tolstáia e Liudmila Petruchévskaia.


Claro, os velhos mestres da literatura russa figuram com textos bem escolhidos para essa tradução, como Gogol, Dostoiévski, Tolstói, Tchekhov e Maiakóvski.


Por falar em tradução, é meritória também a reunião de mais de vinte tradutores nessa empreitada.


Em conversa com a revista {voz da literatura}, o tradutor Irineu Franco Perpétuo, que já traduziu vários autores russos, entre eles Púchkin, Tolstói e Bulgákov, revela a satisfação de participar de mais essa importante coletânea de literatura russa publicada no Brasil: "Foi uma honra e um prazer ter sido convidado para essa antologia, e podido, além de Tolstói (do qual traduzi Anna Kariênina, e estou traduzindo Guerra e Paz), trazer para o leitor brasileiro autores russos bem mais próximos de nosso tempo, como Fazil Iskander (que faleceu quando eu estava traduzindo o conto dele), Liudmila Petruchévskaiai e Ludmila Ulítskaia, que estão vivas e atuantes", diz ele.


Evidente que o processo de tradução é perpassado por vários desafios, ainda mais quando se trata de gêneros textuais oriundos do humor. "Humor, seja de qual país, é sempre um desafio extra para ser traduzido, pois há uma questão cultural envolvida. Dizem que piada não se explica, e todo o desafio aqui foi tentar fazerem funcionar em nosso idioma situações específicas de um contexto russo. Dessa vez, como disse, trabalhei com três textos do século XXI, de nosso tempo. Minha atuação, até então, tinha rodado mais em torno do século XIX e da primeira metade do século XX, e, pessoalmente, lidar com uma dicção russa contemporânea foi também um desafio", esclarece.


É conhecido o aforismo do filósofo Wittgenstein: "O humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo". Diante dessa Antologia do humor russo, pode-se conhecer o mundo e o espírito russos, perscrutando o significado social do riso para a construção histórica de sua identidade nacional.


* A Antologia do humor russo (1832-2014) está disponível para venda exclusivamente pela Livraria da Vila.

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