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O Novellino: apontamentos de leitura

  • Foto do escritor: {voz da literatura}
    {voz da literatura}
  • 15 de mai.
  • 3 min de leitura

Durante o mês de abril, o Grupo de Leitura da Voz da Literatura dedicou-se a O Novellino (Editora Mnema) - introdução, tradução e notas são de Talita Janine Juliani e Tiago Augusto Napoli.

 

Considerada uma das obras fundadoras da literatura italiana, O Novellino é de autoria anônima, composta entre os séculos XIII e XIV.

 

Pertence a uma linhagem literária da qual fazem parte obras como Mil e Uma Noites, Contos da Cantuária e O Decamerão. 

 

Compartilhamos a seguir alguns apontamentos registrados pela coordenação do Grupo de Leitura ao longo das semanas de leitura.

 

Semana 1

 

(…)

Nessa primeira semana de leitura de O Novellino, conforme cronograma proposto,

seguimos até a novela III.

 

Já nessas primeiras novelas, tomamos conhecimento das características desse conjunto de narrativas escritas provavelmente no final dos século XIII. Na introdução, os tradutores ressaltam que esses textos podem ter sido reescritos ao longo dos séculos e rearranjados nessa compilação conhecida como O Novellino

 

Na segunda novela, aparece como personagem uma figura lendária conhecida como Preste João, ao lado de uma figura histórica real Frederico II, rei do Sacro Império Romano-Germânico. Observamos como  a virtude, a sabedoria, a astúcia, os sortilégios, a magia, o fantástico, podem aparecer em uma pedra com poderes de provocar a invisibilidade. Veremos nas demais novelas como esses e outros elementos caracterizam essa literatura medieval. (…)

 

Semana 2

 

(…) 

Com a leitura programada para esta semana, ficamos diante de uma amostra de 31 novelas de O Novellino. É uma quantidade de narrativas suficiente para observar com maior clareza  características do gênero literário.

 

Os textos são curtos. Não há espaço para desenvolvimento de enredos mais complexos ou de descrição de elementos de paisagem, ambientes, pessoas. Privilegiam acontecimentos atinentes à vida da nobreza. Como contraponto, podem aparecer representantes de outros estratos sociais. Personagens femininas, até este ponto da leitura, são praticamente ausentes.

 

Em meio a uma sucessão de novelas que, invariavelmente, ressaltam virtudes,

a novela XXIX trata da cosmologia medieval, com enfoque no Empíreo, o céu supremo. Esfera celestial abordada mais largamente em A Divina Comédia de Dante. (…)

 

Semana 3

 

(…)

O Novellino vai se revelando cada vez mais.

 

Diante das novelas desta semana, ficamos envolto em três questões.

 

A primeira é relativa às superstições da Idade Média, como a associada ao voo ou à presença de certas aves, tal como o mau augúrio observado na posição da cauda de uma gralha em um salgueiro (cap. XXXIII).

 

A segunda responde em parte a um questionamento da última semana: a quase ausência de personagens femininas em O Novellino. Nesta semana, encontramos alguns capítulos em que há mais mulheres, porém aparecem geralmente em negativo. Em sentido contrário, chama a atenção, por exemplo, a novela “sobre um astrônomo chamado Meliso, o qual foi repreendido por uma mulher” (XXXVIII).

 

A terceira questão diz respeito a certas figuras da Antiguidade que vão se consagrando pela força de uma tradição narrativa, na qual O Novellino se insere. Só que Pitágoras pode aparecer como “espanhol” (XXXIII)  e Sócrates como “romano” (XLVI). Esses pequenos deslizes do(s) narrador(es) sobre a origem dessas personalidades seriam intencionais?  Algo a se pensar… (…)

 

Semana 4

 

(…)

Nessa última semana de leitura, novamente observamos como as narrativas de O Novellino consolidam a tradição de mitos e de personalidades relevantes da filosofia. Exemplos: Narciso (XLVI), Hércules (LXX), Sócrates (LXI), Aristóteles (LXVIII), Tales de amuleto (XXXVIII), Sêneca (LXXI), episódios da Ilíada (LXXXI).

 

Outro aspecto a considerar são as histórias que contêm elementos que sedimentam as futuras “novelas de cavalaria”:  Trajano e seus cavaleiros (LXIX), Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda (com especial destaque para Lancelote: XLV, LXXXII e XXVIII), romance de amor (XLVII).

 

Nessa linha, pode-se encaixar a lenda medieval de Tristão e Isolda (LXV), que foi contada e recontada ao longo dos séculos. O personagem Tristão passou, inclusive, a compor o grupo de cavaleiros da Távola Redonda (ciclo arturiano). Contemporânea a O Novellino, identificamos outra narrativa sobre essa lenda: o Tristão em prosa (séc. XIII).

 

Certamente, vocês têm outras impressões e considerações sobre O Novellino que vão muita além desses breves comentários que anotamos aqui nas últimas semanas. (…)

 

________

 

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