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A literatura de cordel em 3 perguntas


A revista {voz da literatura} inicia uma série de entrevistas sobre grandes temas da literatura e de outras áreas correlatas. Será a nossa coleção “3 Perguntas”.


Para a abertura dessa série, convidamos a historiadora Rosilene Alves de Melo, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, para tratar da literatura de cordel.


Rosilene Melo é autora do livro Arcanos do verso: trajetórias da literatura de cordel (Ed. 7Letras) e publicou inúmeros artigos a respeito da literatura de cordel em periódicos acadêmicos e em outros livros.


Em 2018, a literatura de cordel foi reconhecida pelo IPHAN como “patrimônio cultural brasileiro”. Segundo Rosilene Melo, essa conquista tem uma importância histórica para essa vertente de nossa literatura. “Desde a década de 1930, a literatura de cordel vem sofrendo ataques reais e simbólicos. E desde este período, os poetas lutaram para que o cordel pudesse ser reconhecido como um gênero da literatura brasileira. Pelo que ficou evidente durante o processo de registro, a comunidade de autores e autoras da literatura de cordel não desfrutam em igualdade de condições dos mesmos espaços institucionais, públicos, privados e simbólicos dos demais colegas da chamada ‘literatura brasileira’ ”, explica Rosilene Melo.


A pesquisadora argumenta que, em boa medida, esse processo histórico de “marginalização” da literatura de cordel deve-se a fatores de ordem sociopolítica, o que provoca, entre outras coisas, a invisibilidade do cordel até mesmo nos cursos de Letras. “Há uma cisão que é o resultado da desigualdade social, do racismo estrutural, dos preconceitos e estereótipos que ainda marcam a figura dos cordelistas. O maior exemplo desta marginalização é a ausência da disciplina literatura de cordel do currículo dos programas de cursos de Letras nas universidades brasileiras. Por conseguinte, o cordel não se encontra nas estantes das bibliotecas universitárias e circula em outros espaços que estão associados a cultura popular, mas não a um gênero literário, como o romance, a crônica, o conto”, enfatiza Rosilene.


Por haver sido considerado oficialmente “patrimônio cultural brasileiro”, Melo acredita em uma virada histórica para o futuro do cordel. “O reconhecimento abre outras páginas a serem escritas nessa narrativa. Ainda há um longo caminho pela frente para que não haja mais essa separação no Brasil entre uma literatura consagrada pelos circuitos letrados - a literatura brasileira – e uma outra produção que foi por décadas denominada ‘literatura popular’ que ainda não possui o mesmo prestígio.”


Para aprofundar essa conversa, entrevistamos, por e-mail, a pesquisadora Rosilene Melo, formulando a ela apenas “3 perguntas” a respeito do tema. Generosamente, nossa entrevistada desdobrou em cada resposta múltiplas dimensões da história, da memória e dos movimentos da literatura de cordel em nosso país.



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